10 maio 2010

Labrys_Feast II



"As pessoas sentiram sempre uma admiração, onde se mistura o respeito e a inquietação, por esses homens estranhos que previam o futuro. Porque o futuro é essa região do tempo onde nós os homens na realidade vivemos. A vida, não esqueçamos, é um trabalho que se faz andando para a frente. O que nos importa e inquieta é o que pode passar-se no momento que está para vir, o imediato e o longínquo. O homem está a todo o instante projectado sobre esse vazio pavoroso que é o porvir. Ora bem, digo que o futuro, o porvir é uma coisa vazia diante de nós, porque é a dimensão problemática da nossa vida. Nunca sabemos o que nos vai trazer, o que nos vai acontecer. É o essencialmente inseguro. [...] Tem sido normal que a história seja prevista. A história humana, apesar da constante intervenção do acaso, é algo assim como uma melodia, e quem sabe receber em si com intensidade e pureza o troço que dela soou até uma determinada data, sente brotar dentro de si o resto da melodia que soa em direcção ao futuro. Para isso só é preciso ter absolutamente livres as raízes do seu ser; mas, como os povos que são grades em determinada actualidade estão demasiado prisioneiros do presente, demasiado ocupadoscom os negócios e conflitos do presente, é insólito que haja neles homens radicalmente abertos e suficientemente abertos a essas visões etéreas do porvir." 

A Rebelião das Massas 1930 - Ortega y Gasset

2 comentários:

Eria disse...

Thank you... I will shourly dive...

João Roque disse...

Gosto imenso desta música...