Agora mesmo na dois, depois de uma curta_entrevista com Richard Zimler e Slimmy
Aqui ficam três poemas do outro Miguel-Manso
POEMETO
O paradoxo de fermi
a hipótese da terra rara
o poeta trabalha com o que tem
um muro com hortênsias
ao fim da tarde um punhado de
estrelas sobre a baía
ainda assim
a poesia é aquilo que neste
desalinho todo se apresenta
tão exacto como a morte
CADERNO DO PORTO VELHO
escrevo o espaço que vai das
tuas mãos ao renque de alfazemas
sombra aprendida em aromáticos versos
desconheço ainda esta cidade
depois de tantos anos
mas aprecio
pela tarde o lento rir das áleas
avenidas de timbre meridional
casas onde ainda se pode descascar a fruta
atirar a casca para um alguidar partido
e onde na trégua do calor maior as crianças costeiras
tomam o alcatrão das ruas a areia das praias
rompem este silêncio de vagar portuário
de palavras como ruína que envolvem
o sentido do que escrevo
as tuas mãos ou o espaço que vai das
tuas mãos ao renque de alfazemas
O PREC EM 2008
o deus Silêncio ostenta as Inumeráveis
águas nesta apertada livraria de Lisboa
também ainda o primeiro título (poesia) de Manuel
António Pina em ano de revolução que
nesse tempo eram mesmo
a sério as revoluções e podíamos acrescentar-lhes pela rua
o nosso carme as madrugadas flores
agora um amigo diz-me: “esta
revolução não dá um passo!”
concedo, mas não desisto
incorro em certos delicados actos de guerrilha
por exemplo deixo poemas em cafés ou em pequenas
livrarias que ainda apoiam em segredo esta causa
revolucionária
depois mando as coordenadas sigilosas à amada
que no dia seguinte quase sempre
pela tarde os vai buscar
[in Quando escreve descalça-se, Trama, 2008]
Aqui ficam três poemas do outro Miguel-Manso
POEMETO
O paradoxo de fermi
a hipótese da terra rara
o poeta trabalha com o que tem
um muro com hortênsias
ao fim da tarde um punhado de
estrelas sobre a baía
ainda assim
a poesia é aquilo que neste
desalinho todo se apresenta
tão exacto como a morte
CADERNO DO PORTO VELHO
escrevo o espaço que vai das
tuas mãos ao renque de alfazemas
sombra aprendida em aromáticos versos
desconheço ainda esta cidade
depois de tantos anos
mas aprecio
pela tarde o lento rir das áleas
avenidas de timbre meridional
casas onde ainda se pode descascar a fruta
atirar a casca para um alguidar partido
e onde na trégua do calor maior as crianças costeiras
tomam o alcatrão das ruas a areia das praias
rompem este silêncio de vagar portuário
de palavras como ruína que envolvem
o sentido do que escrevo
as tuas mãos ou o espaço que vai das
tuas mãos ao renque de alfazemas
O PREC EM 2008
o deus Silêncio ostenta as Inumeráveis
águas nesta apertada livraria de Lisboa
também ainda o primeiro título (poesia) de Manuel
António Pina em ano de revolução que
nesse tempo eram mesmo
a sério as revoluções e podíamos acrescentar-lhes pela rua
o nosso carme as madrugadas flores
agora um amigo diz-me: “esta
revolução não dá um passo!”
concedo, mas não desisto
incorro em certos delicados actos de guerrilha
por exemplo deixo poemas em cafés ou em pequenas
livrarias que ainda apoiam em segredo esta causa
revolucionária
depois mando as coordenadas sigilosas à amada
que no dia seguinte quase sempre
pela tarde os vai buscar
[in Quando escreve descalça-se, Trama, 2008]
2 comentários:
Ponto 1 - Não tenho razão para isso, mas embirro com o Luís Borges (será da boina?)
Ponto 2 - O templo de Diana é extraordinariamente fotogénico.
Ponto 3 - Miguel Manso, um nome a fixar!
Também não vou "à bola" com o senhor mas os convidados e o filme que se seguiu trouxe-me aqui - o poeta já há tempos que o tenho debaixo d'olho|
(Obrigado)
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