«Ora, sucede que, na terceira revolução industrial – da microelectrónica -, este mecanismo de compensação por expansão soçobra. É verdade que com a microelectrónica também são embaratecidos muitos produtos e criados outros novos (sobretudo no campo dos media). Mas, pela primira vez, a inovação nos processos ultrapassa a inovação nos produtos. Pela primeira vez, há mais trabalho eliminado pela racionalização do que aquele que pode ser reabsorvido pela expansão dos mercados. No desenvolvimento lógico da racionalização, a robótica electrónica substitui a energia humana e as novas tecnologias das comunicações tornam o trabalho humano supérffluo. Desaparecem por inteiro sectores ou níveis anteriormente existentes na construção, na produção, no marketing, no armazenamento, na venda e mesmo na gestão. Pela primeira vez , o ídolo trabalho submete-se involuntariamente a um regime de racionamento duradouro. E com isso cava a sua própria sepultura.
Como a socieade democrática do trabalho constitui um sistema autotélico amadurecido, fechado sobre si mesmo, orientado para o consumo da força de trabalho, a sua estrutura não aceita a simples passagem para uma redução generalizada do tempo de trabalho. Por um lado, a racionalidade económica empresarial exige que quantidades cada vez maiores de indivíduos permaneçam duardouramente “desempregados”, e portanto, postos à margem da posssibilidade de reprodução da vida que é imanente ao sistema, mas por outro lado, o número sempre mais reduzido dos “empregados” é submetido a uma exigência de trabalho ede eficiência cada vez maior. No meio da riqueza, mesmo nos centros do capitalismo, regressam a pobreza e a fome. Há meios de produção que ficam parados, terrenos de cultivo que ficam de pousio em larga escala, como em larga escala ficam vazias as habitações e os edifícios públicos, enquanto o número dos sem_abrigo cresce imparavelmente.
O capitalismo torna-se uma instituição de minorias à escala global. No seu desespero, o ídolo trabalho, agonizante, torna-se o canibal de si próprio. Em busca de sobras de trabalho para se alimentar, o capital faz estourar as fronteiras da economia nacional e globaliza-se numa concorrência nómada, em que cada grupo procura desalojar o outro. Regiões inteiras são privadas de fluxos globais de capital e de mercadorias. Com uma onda de “fusões” e de “aquisições hostis” sem precedentes históricos, os cartéis armam-se para a última batalha da economia empresarial. Os estados e nações desorganizados implodem, e as populações, empurradas para a loucura da luta concorrencial de sobrevivência, digladiam-se na guerra étnica dos bandos.»
Como a socieade democrática do trabalho constitui um sistema autotélico amadurecido, fechado sobre si mesmo, orientado para o consumo da força de trabalho, a sua estrutura não aceita a simples passagem para uma redução generalizada do tempo de trabalho. Por um lado, a racionalidade económica empresarial exige que quantidades cada vez maiores de indivíduos permaneçam duardouramente “desempregados”, e portanto, postos à margem da posssibilidade de reprodução da vida que é imanente ao sistema, mas por outro lado, o número sempre mais reduzido dos “empregados” é submetido a uma exigência de trabalho ede eficiência cada vez maior. No meio da riqueza, mesmo nos centros do capitalismo, regressam a pobreza e a fome. Há meios de produção que ficam parados, terrenos de cultivo que ficam de pousio em larga escala, como em larga escala ficam vazias as habitações e os edifícios públicos, enquanto o número dos sem_abrigo cresce imparavelmente.
O capitalismo torna-se uma instituição de minorias à escala global. No seu desespero, o ídolo trabalho, agonizante, torna-se o canibal de si próprio. Em busca de sobras de trabalho para se alimentar, o capital faz estourar as fronteiras da economia nacional e globaliza-se numa concorrência nómada, em que cada grupo procura desalojar o outro. Regiões inteiras são privadas de fluxos globais de capital e de mercadorias. Com uma onda de “fusões” e de “aquisições hostis” sem precedentes históricos, os cartéis armam-se para a última batalha da economia empresarial. Os estados e nações desorganizados implodem, e as populações, empurradas para a loucura da luta concorrencial de sobrevivência, digladiam-se na guerra étnica dos bandos.»
Manifesto contra o Trabalho, Grupo Krisis, Junho de 1999. Também de lá:
“O 'trabalho' é, na sua essência, a actividade não-livre, in-humana, a-social, determinada pela propriedade privada e criadora dela mesmo. A superação da propriedade privada só se tornará, pois, realidade quando for concebida como superação do 'trabalho'.”
Karl Marx (a propósito do livro de Friedrich List, O Sistema Nacional da Economia Política, 1845)
7 comentários:
uuuu, isto hoje está mais roxo!!!
também acho: abaixo o trabalho! mas depois: quem nos dá de comer? pois, tem de ser...
Olha, filho, assino de cruz.
(Mas como diz o Paulo, de estômago cheio estas coisas lêem-se melhor. ;) )
Marx tinha um sabor especial nas aulas de Economia do Francisco Pereira de Moura, no velhinho ISCEF do Quelhas...
A propósito sabes o que significava esta sigla?...."Isto Sem Cunhas É F...."
Abraço.
Ao contrário do que disse um conhecido dirigente de um partido político português com assento parlamentar, embora "P'ró Piqueno", não acho nada que o trabalho dignifique. Opiniões.
o trabalho e pão têm tantos nomes...
abraço!
Confesso que detesto trabalhar... melhor, detesto TER de trabalhar.
Acho que o trabalho rendia mais se não tivesse de trabalhar.
Mas tenho.....
Foda-se o trabalho e a des_concentração que provoca: nem para responder e sair demim consigo! Abraço a Todos!
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