Talvez o nosso mundo se convexe
Na matriz positiva doutra esfera.
Talvez no interspaço que medeia
Se permutem secretas migrações.
Talvez a cotovia, quando sobe,
Outros ninhos procure, ou outro sol.
Talvez a cerva branca do meu sonho
Do côncavo rebanho se perdesse.
Talvez do eco dum distante canto
Nascesse a poesia que fazemos.
Talvez só amor seja o que temos,
Talvez a nossa coroa, o nosso manto.
Science_Fiction I: Saramago (In Os Poemas Possíveis, Editorial Caminho, Lisboa, 1981. 3ª edição) Dois dias depois da sua ida, talvez a raiva de um falcão, pelo direito à dissidência e à heresia.
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