Era uma vez uma princesa que recebeu um palácio de presente de aniversário pela maioridade. E à terceira família, em nova fase de ascendência, reconstrói o extinto solar da quinta, fechando o jardim romântico a norte, rasgando-lhe um vinhedo em cruz para rentabilizar o interesse pelo alvarinho - abrindo a entrada a oriente com a magnanimidade devida expressa na fachada: trinta e uma janelas para a nova estrada nacional. Não casou e na terceira torre está fechada a nonagenária.
Lá dentro, a escadaria imponente coberta de mitologia em azulejos ondulantes conduz-nos ao busto que centra o jardim de inverno e começa o mito recorrente do cisne em vários elementos. Sou acompanhado pela guia que vai abrindo as portadas na sua primeira visita em exclusivo para mim: na biblioteca, a explicação do brasão e as estantes cheias de um século de jornais deteriorados, os pesados lustres já electrificados, retratos de reis e rainhas com efeitos ópticos, paredes forradas em papel imitando rendas, o mobiliário estilo império e chinês, bem como os objectos e as pratas, os tectos belamente decorados de frescos e frisos ou na imitação de madeira, o clavicítero na sala de fumo, o rico dossel do quarto real e a velha entrada convertida em sala de armas com a estátua de diana ao centro. Ajudo-a com os ferrolhos e no pátio das camélias, ladeados de ceres e flora, vai confessando os seus projectos de requalificação do espaço que ao poucos se torna público; a entrecortada alameda dos plátanos, a das tílias que atravessamos lentamente onde me indica por entre o matagal, o futuro salão de chá; ao fundo o antigo portão e as novas vinhas, enquanto descemos o talude e discutimos eno_sabores; penetramos as orlas e na ponte sobre um lago selvagem e verde, aponta-me a ilha dos amores como próximo parque de merendas, circundamo-lo e nichos para corte escondidos sucedem-se, uma azenha fictícia já semroda mas de murmúrio aquático e a surpresa no alto – o pombal que alberga o esquecido sistema hídrico abastecido pelas minas. Ainda a sala privada de baile no exterior, com recantos na sebe labiríntica, a visita às caves que na penumbra mostram os lagares graníticos, os tonéis gigantes e as modernas cubas sob as arcadas templárias, cumprimentamos o pessoal da casa nas traseiras, ainda uma linda capela macónica aberta na primeira torre, com os níveis piramidais bem distintos, altar com sant’Ana ao centro, a ensinar a virgem a ler, o patrono São Sebastião à direita, púlpito de um lado e órgão do outro; e por último o pequeno teatro para a família com os cenários imagéticos daquele lugar orfético e feérico. Despedimo-nos rápido porque os fregueses começam a chegar. Já a subir os montes para os arcos, choro pela paisagem que vou perder.
Lá dentro, a escadaria imponente coberta de mitologia em azulejos ondulantes conduz-nos ao busto que centra o jardim de inverno e começa o mito recorrente do cisne em vários elementos. Sou acompanhado pela guia que vai abrindo as portadas na sua primeira visita em exclusivo para mim: na biblioteca, a explicação do brasão e as estantes cheias de um século de jornais deteriorados, os pesados lustres já electrificados, retratos de reis e rainhas com efeitos ópticos, paredes forradas em papel imitando rendas, o mobiliário estilo império e chinês, bem como os objectos e as pratas, os tectos belamente decorados de frescos e frisos ou na imitação de madeira, o clavicítero na sala de fumo, o rico dossel do quarto real e a velha entrada convertida em sala de armas com a estátua de diana ao centro. Ajudo-a com os ferrolhos e no pátio das camélias, ladeados de ceres e flora, vai confessando os seus projectos de requalificação do espaço que ao poucos se torna público; a entrecortada alameda dos plátanos, a das tílias que atravessamos lentamente onde me indica por entre o matagal, o futuro salão de chá; ao fundo o antigo portão e as novas vinhas, enquanto descemos o talude e discutimos eno_sabores; penetramos as orlas e na ponte sobre um lago selvagem e verde, aponta-me a ilha dos amores como próximo parque de merendas, circundamo-lo e nichos para corte escondidos sucedem-se, uma azenha fictícia já semroda mas de murmúrio aquático e a surpresa no alto – o pombal que alberga o esquecido sistema hídrico abastecido pelas minas. Ainda a sala privada de baile no exterior, com recantos na sebe labiríntica, a visita às caves que na penumbra mostram os lagares graníticos, os tonéis gigantes e as modernas cubas sob as arcadas templárias, cumprimentamos o pessoal da casa nas traseiras, ainda uma linda capela macónica aberta na primeira torre, com os níveis piramidais bem distintos, altar com sant’Ana ao centro, a ensinar a virgem a ler, o patrono São Sebastião à direita, púlpito de um lado e órgão do outro; e por último o pequeno teatro para a família com os cenários imagéticos daquele lugar orfético e feérico. Despedimo-nos rápido porque os fregueses começam a chegar. Já a subir os montes para os arcos, choro pela paisagem que vou perder.
(para imagens sem palavras, percorram o site no último link de Domingo - afinal há ainda tanto para escolher)
"II nous semble qu'il est plus moral de se perdre et même de se laisser dépérir que de se conserver. Les grands moraliste n'étaient point de vertueux, mais des aventuriers dans le mal, des vicieux, des grands pècheurs Qui nous enseignet à nous incliner chrétiennement devant la misère. Tout ça doit te déplaire beaucoup, n'est-ce pas?"
Clawdia Chauchat n'A Montanha Mágica - Thomas Mann
2 comentários:
A que palácio te referes?
Brejoeira?
Sim Pinguim, fui ver o património e despedir-me do verde_chuva!
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