29 maio 2009

Home is where you are

Dormi sobre as coisas sem lhes tocar, na leveza do sonho e passo a lânguida hora espraiando-me por este espaço vendo a tua presença a mudar a ordem que tudo tinha até então. O calor que invade o dia transparente, sabemos que nos vai sufocar nalguma hora, nos trajectos a bordo do punto, na roupacolada e escorrida aos assentos. E ter várias camas para descobrir e desmontar, chão muito a percorrer e soprar, levantar o pó do tempo e recriar novos trajectos entre as sensibilidades comum de áreas diferenciadas, outros saberes, maiores comun_idades...

Onde fôr, mas junto a Ti!

27 maio 2009

Oak_Wid

A feira do livro voltou aos aliados, passados trinta e quatro anos, abrindo as festas da cidade! E enquanto os românticos literatos enchem a praça com o seu sentimento ao rubro, florescem árvores com a mesma alegria, enquanto o povo espera para descer à ribeira nos seus ritos pagãos para olhar o estreito de pedra unido pela estrutura férrea dos últimos séculos. Ouvem-se gaivotas sob o céu azul... e o parque, que é a melhor obra de arte da urbe, entra em festa em breve.

Também no dia em que percebemos a quebra da imunidade sobre as alterações do clima, em que a fina película que envolve a nossa espécie perdeu a força contra o aumento da intensidade solar longínqua, que engrandece; Esse orgão aderente que nos separa das provocações externas, as emoções descontroladas.E o sangue borbulha mais rápido por debaixo da superfície...

Com um novo recurso comunicacional, disposto a enfrentar as viagens e compromissos que se seguem, atravesso a cidade no antigo percurso de túneis, subo a calçada ladejada de verdes e floridos jardins das vivendas e entro na venda para azeite do santo, ovos e fruta (pêros, kivis e uma meloa laranja – os alperces necessitam madurar...), retiro as ervilhas presas no congelador cheio da massa gélica que cresce silenciosamente. E coloco a cola zero das ruas de coimbra neste início de amor eterno.

Almoço com o som da rádio ao fundo e desperto para a vida em podcast.
A dez dias do dia dez.

17 maio 2009

Imagine...

Chego agora a casa depois de uma chuveirada londrina nesta cidade com amores_perfeitos e per_vincas em liberdade, o ginkgo centenário ao lado das olaias em semente, um jantar de equipa coeso e sua cadela safira na casa verde e seco à lareira, conflitos de parentalidade discutidos ao casal d’estima, terminando com a image rave party na cave do galécia e o elemento esperado. Aguardando ansiosamente - Como te quero, meu Amor!

Desperto para um pequeno-almoço de improviso com a imagem do sol matinal iluminando o nosso fado e volto para a cama. E de novo a sua voz, suave, em segredo dos seus giros pela cidade, pela história construída por séculos em imagens que outros vêm ver – a realidade é muito melhor que as palavras. Roupa na máquina, aparo as patilhas, cozo peixe e legumes, pergunto à P pela lavagem do carro e por um abastecimento aberto, como e banho-me e visto-me. Pelo fresco da rua, subo à colina para café, regresso ao cachimbo de mármore e água que percorro por entre os locais, encho o cabaz e na volta lembro as gelosias, o camilo à porta e entro nos crivos – partes de corpos e casas, mulheres de olho atento nos dois pisos – trago o roteiro e subo ao castelo de ancestrais símbolos gravados, altivo – caixas de nós mesmos, uma carta de amor pela própria gravada ao ouvido, postais e polaroids reveladas em companhia - noto de novo as árvores da francisco sanches, o morais do riso junto ao báculo de são pedro, pequenas rosas_sangue que trepam os postes de luz, o museu já fechado e o parque de rodas e crianças e cães e bolas, de novo cumprimento as pessoas do prédio, o cheiro do jasmim intenso, descarrego a mochila, estendo a próxima mala no sótão e abro o pc para acolher-te calmo, depois de duas talhadas de doce abacaxi, meia banana, iogurte natural com doce de tomate, pelos jardins que amas. A claridade que surpreende as janelas neste fim de tarde traz o brilho e o fulgor desejados quando aqui coloco estas palavras...

16 maio 2009

Traveler_Made

E da proximidade das palavras às imagens e carícias por skype, todas as tonalidades começam a descarregar a sua profusão espectral em cada chamada, a cada mensagem, arrastando limos de incerteza sob a limpidez das águas, premitindo a beleza translúcida de cada seixo no leito, das margens...



A promessa cumpriu-se e semana vai correr rápida até ao átrio da caça espectante pelos seus atiradores fortuitos. Entretanto as caldas receberam o encontro dos amores idos para o balanço do tempo mortiço e feio que finda com clássicos jogos de família – buzz e guitar_hero III – no bar casual em campos e com bolas reais, molhadas... Adormeço e só espero acordar ao teu lado!

Hoje no dia da partilha e da comunhão...

14 maio 2009

Growing_Wings

Ao acordar, passou pela rádio e falei, con_fundi-me, sonhámos... só um pouco mais longe em largo areal... Até já!

11 maio 2009

Coro_Nation

Na esquizofrenia emocional, vou de um extremo matinal ao outro, de início da jornada. Mas nada, tudo o posso dizer é que já fui coroado...

10 maio 2009

Water_Dessert

Chegada perdido com colega ao destino pretendido;almoço na berta com bisnas de lúdica cumplicidade, sair pela chuva fora de metro até casa. Maquilhar e relaxar!
E foi assim que chegou o jantar no guilho da amadora: todos estavam lá, os que estavam lá; foi convívio fora e dentro, conversas muito dentro ou muito fora, grelhados, bolo_brownie de chocolate, CRV, ao colo de madressilvas cholhidas lá em macau. Minis, cálices e recitais de MEC no instante. Despedidas e siga na maria até ao show, a tina_jenny e vodkas, e imperiais finas, e fumo, e cheiro, olhares e toques, sorrisos, alegria - só faltou um karaoke como este:



E do calvário, passando pelo cacau da ribeira com biblotecária e livro embalado(obrigado, Rui!), ascendo na graça, de novo para amar sob um céu carregado, de raios trespassantes, atravessando a procissão e seguindo a senhora da saúde pelas escadinhas, becos, fontes, veios e vielas do antigo bairro do meu coração. A bater, a acordar lentamente junto às águas correntes.
Cogumelos e gelado de baunilha derretido pelo braço com a prata da casa.
O melhor mesmo é sermos o melhor de nós!

E ter_Vos a todos nesta noite!

08 maio 2009

Write_For

Tudo me pareceu simples: escrever é aumentar com uma pérola o colar das musas, legar à posteridade a lembrança de uma vida exemplar, defender o povo contra si próprio e contra os seus inimigos, atrair sobre os homens, mediante uma missa solene, a benção dos céus. Não me ocorreu a ideia que se pudesse escrever para ser lido.
Escreve-se para os vizinhos ou para deus. Tomei o partido de escrever para deus com o fito de salvar os meus vizinhos. Eu queria devedores de obrigações e não leitores. O desdém corrompia-me a generosidade. Já no tempo em que eu protegia as órfãs, começava por me livrar delas, mandando que se escondessem. Escritor, o meu estilo não mudou: antes de salvar a humanidade, começaria por lhe vendar os olh os; só então me voltaria contra os pequenos mercenários negros e velozes, contra as palavras. Quando a minha nova órfã ousasse destar a venda, eu estaria longe; salva por uma façanha solitária, ela não repararia a princípio, chamejando numa prateleira da biblioteca nacional, no volumezinho, novo em folha, que traria o meu nome.
Advogo as circunstâncias atenuantes. Existem três. Primeiro, através de um límpido fantasma, era o meu direito de viver que eu punha em questão. Nessa humanidade sem visto que espera o bel_prazer do artista, terão reconhecido por certo a criança empanturrada de felicidade que se entediava no poleiro; eu aceitava o mito odioso do santo que salva a populaça, porque afinal a populaça era eu: declarava-me salavador patenteado das multidões para efectuar discretamente, e ainda por cima (como dizem os jesuítas), a minha salvação.

As palavras, Jean-Paul Sartre 1964

05 maio 2009

Red_Days

E a chegada do trio do coração às traseiras da boavista,uma dormida na casa recém-habitada por doutoramento projectado por dez anos, a partida madrugada pela estrada gratuita e a alvorada na capital do conhecimento, saída cruzando a cidade do gótico rumo ao sul do tejo. Os caminheiros de maio acompanham as bermas entre almeirim e coruche. De montemor ligo à guis, perco-me entre o escoural e alcáçovas, demoro por viana, alvito e cuba. Chego a beja e vamos comprar o ramo de gereberas rosa para a mãe num super lotado e, em vez da feira, bebemos uma imperial no centro recorrido. Sigo para o berço natural no limiar da planície onde todos os trabalhadores celebram debaixo da ponte na fronteira serrana. Sábado matinal no mercado de tavira levando caixa de peixe fresco para o carro da cunhada que acompanhamos na visita à avó falecida, de frente para a ria. Regresso no mesmo trajecto por évora, repito a confusão pela mitra e são brissos e, depois directo até ao meu minho.
Manhãs cegas numa mistura de cargos e papéis, o meu casal adorado em casa e na esplanada, a dureza das ideias, entrega professoral na busca das identidades competentes, uma rua nova e a vizinhança que me recebe a cada dia, a cada noite...