24 outubro 2010

Hawk´s_Blow

Começa a fechar-se o ciclo: há dois anos, a loucura da itinerância levou a que nos perdessemos por aqui, e muitas das voltas que aqui démos, fizeram com o que meu registo criminal passasse a ter a marca desta crise... Safar-me do horário real para pegar no bicho e seguir para a invicta com o casal das montanhas para ouvir as profecias do seu primo nas brumas; perco-me até às antas e freio a fundo na picaria para, directo como um falcão, assistir nas galerias da luz com seus dois pisos e bares (e loja destes senhores) ao melhor concerto da temporada. À saida, decido mostrar as outras de paris e pedintes agoiram-nos o destino; não passeamos pelos aliados e por isso o caminho é cortado depois do túnel na faria guimarães. São soprados três pipos e o bicho segue agora pelas mãos da companheira e noivo adormecido enquanto toda uma esquadra me aguarda na batalha para regressar ao bom pastor (tal como na igreja de Vila Real...). Tanta farda a observar intimida-me num duplo sentido enquanto o resto da cavalaria aguarda; é grande a coima, é grave a incorrência e já não vamos à praia. Sem documentos, a criatura é bem conduzida com um olho fechado e de volta à base seguimos incumprindo os papéis: almoço junto à antiga escola, na quinta dos sobreiros e percorro a aldeia nos seus caminhos, descubro o vinho novo, montamos as fotos e as conexões surgem aos poucos agora, depois de um caldo, pizza caseira e castanhas da época.


Se até ele conseguiu...

20 outubro 2010

Dog_Man

Quando destranco a porta do bunker blindado onde me escondo, recebe-me com o seu focinho em punho o meu outro habitante: pequeno, grisalho, com ar sábio, ansiando pelo pão na sua boca (ou ração, pouco importa) e uma festa de alegria por vê-la ali, só durante metade de um dia, na escuridão da hora a que chego. Aqueço a sopa onde flutuam lentilhas e um troço de gengibre por entre o puré de cenouras, despacho-me dos meus resíduos porque não tenho quem mos recolha (a não ser as etares de todos nós), pressiono o frasco transparente de tonalidade acastanhada a combinar, de onde sai o gel opaco e cristalino com que esfrego as mãos. Sorvo o caldo de uma vez só e deixo um pouco no fundo para que lamba com tempo, dois bocados de broa partilhados em pedaços, pego no gorro, caderno e saio. As escadas, silenciosamente, para encarar o carro emoldurado pelos três vidros da porta do prédio. Subimos, como sempre, mas desta vez a pausa é no renovado café, também wine_bar onde um melhor sistema de aquecimento nos faz sentar depois dos quebra_ventos entrecruzados. Agora espreguiça-se contra a cadeira, entre as minhas pernas enquanto espreita por debaixo da mesa. Peço-lhe que se deite quando ao moço faço outro, de café, não bica (Cumo?) Ela espera, ladra pelo prato ao lado e senta. Vejo os minutos no tiquet, escrevo, fumo e oiço a brasileirada melancólica agitada que soa. Na pausa, afago-lhe a cabeça, guardo o material e continuamos a passeata costumeira pela noitada que nasce, afastando-nos da conversação ruidosa de fundo, deambulando pelas lajes das bermas.

Enquanto leio, ouço e vejo...

15 outubro 2010

Pur_Pur Haze

Quando tudo o que era puro, escurece ao secar - para voltar a ser húmus e vida outra vez. E é de simples encrencas para marcações conjuntas que se desvelam segredos recentes de relações (esperadas) fortuitas.  Uma glândula segrega o espectro psicadélico que nos vai juntando em enleados no meu berço antecedidos por encontros não planejados em aniversário com cartão_improviso e bouquet de arame e aço.



Purple haze all in my brain
Lately things just don't seem the same
Actin' funny, but I don't know why
'Scuse me while I kiss the sky


Purple haze all around
Don't know if I'm comin' up or down
Am I happy or in misery?
Whatever it is, that girl put a spell on me


Help me help me
Oh no no... no


Yeah
Purple haze all in my eyes
Don't know if it's day or night
You've got me blowin, blowin my mind
Is it tomorrow or just the end of time?


No, help me aw yeah! oh no no oh help me...

12 outubro 2010

Ever_Onward

Ontem ouvi isto no regresso da itinerância. E aqui está:

A senhora juntou-se aos senhores e resultou este projecto para ajudar a salvar a vida costeira que foi buscar a inspiração a este pico num parque da califórnia. Fica também a homenagem ao dia do pan_americanismo no momento em que a dona deve estar a aprender a ensinar a mergulhar para deslumbrar e conservar.
Beijos, Estela. Para ti, o remix.

Sobre a situação actual deste mundo, o Pinguim deixa esta pérola de Desabafo!

08 outubro 2010

Phi_Eric II



O céu corre rápido sob as nuvens arrastadas pelo sião. A sina em linhas curvas há muito tempo que aqui não me trazia. Foi no retorno ao reino que largaram investimentos na outra margem ou na velha ilha e foram para angola ou de cabo_verde; deixam esposas, cães, piscinas, soalhos e tectos a cair. Partem optimistas pela manhã nebulosa, deixando para trás a sensação de que algo está para acontecer. Peço perdão e chego ao sentimento de família no sofá em L, nos jantares alentejanos e vegetarianos, nas camas práticas e preciosas, telefonemas pontuais, digestivos da estação, tempestades em movimento. Pelas montanhas de odemira e alfragide, pelo estuário em alcochete e recta de porto alto, pelas praias da amoreira e milfontes, aconchego o tempo que falta.
Pedra, papel, tesoura - safira com espelhos e cetim.


André Pássaro foi ontem na aula magna - também aqui estou em Arm_Chair!

04 outubro 2010

Phi_Eric I

Estamos aqui outra vez com duas noites que se estenderam pela madrugada e manhã: aquela que foi a despedida da cadela de sua dona pelas sobrepovoadas calles de gente, do bairro dos copos, em empedrado de saltos, o adubo próprio para consumo humano, as portas dos bares, de miradouros lotados, muitas voltas de cansaço para adormecer frente ao novo conceito de ferrador. Depois o regresso às novas colónias de velhos retornados, a leste do paraíso rápido para ir com motociclista de bigode e seu capacete pelos parques de estacionamento, torres belas, casas remodeladas de soalho e paredes de tortura (sede de Seara e PIDE) ao encontro do que nos torna fiéis – agora dono de bar no Marais com string kaki e uma t-shirt dizendo “We are all prostitutes”- festas privadas em restaurantes de esquina, outra vez o lodo no cais e a bandeira que se ergue no alto do parque.

Os três, pelas estradas inundadas de acidentes nos percursos que nos trazem pela humidade cresente ao pitoresco local onde fomos felizes.