(oh, puta de sorte!) Já passavam das sete e meia da matina quando insistem no toque seco e oco da minha porta. Levanto-me para abrir, volto para vestir o robe e quando espreito pelas escadas, vem uma senhora loira - melhor do que o vizinho do mercado com problemas de inundação ou um qualquer amante enlouquecido! Era a antiga inquilina ucraniana que me pergunta se podia dar~lhe a sua correspondência. Eu ainda lhe cedo as chaves mas ela pede para descer até à caixa e a acompanhar. Vou sorrindo gentilmente ensonado e abro a caixa, pego no maço de cartas acumuldas desde dezembro, sacudo-as, batendo umas nas outras, pelo pó e terra que cresceram graças às obras de arruamento lá fora. Verificamo-as uma a uma, ela não encontra o que procura (espera uma encomenda do seu país natal), fico com o seu número numa linda inês mal traduzida que não me deixou posto em sossego.
Há dois dias já via a luz do sol a esta hora, oiço um alarme automóvel e penso que já não funciona o comando do meo. Penso no papel dos diplomas e na urgente ida à farmácia.
Volto a dormir.