29 abril 2009

Maps

(oh, puta de sorte!) Já passavam das sete e meia da matina quando insistem no toque seco e oco da minha porta. Levanto-me para abrir, volto para vestir o robe e quando espreito pelas escadas, vem uma senhora loira - melhor do que o vizinho do mercado com problemas de inundação ou um qualquer amante enlouquecido! Era a antiga inquilina ucraniana que me pergunta se podia dar~lhe a sua correspondência. Eu ainda lhe cedo as chaves mas ela pede para descer até à caixa e a acompanhar. Vou sorrindo gentilmente ensonado e abro a caixa, pego no maço de cartas acumuldas desde dezembro, sacudo-as, batendo umas nas outras, pelo pó e terra que cresceram graças às obras de arruamento lá fora. Verificamo-as uma a uma, ela não encontra o que procura (espera uma encomenda do seu país natal), fico com o seu número numa linda inês mal traduzida que não me deixou posto em sossego.

Há dois dias já via a luz do sol a esta hora, oiço um alarme automóvel e penso que já não funciona o comando do meo. Penso no papel dos diplomas e na urgente ida à farmácia.

Volto a dormir.

27 abril 2009

Unfriendly_Fire

De um giro pela feira do livro ao jantar rústico, perdidos pela invicta em “Maisons de France” – atravesso a semana com êxito, carne à prova na pedra, nacos quentes de integração conceptual e novas realidades se revelam. Décadas atrás, um rei sem roque devolve a linha ao seu destino nos gráficos naturais da actualidade; muitas guerras no horizonte do porvir, presentes e futuras. O gosto da solidão televisiva e angustiante, após mais um convívio maravilha, na bicha em salto alto, da vacaria prodigiosa à MaryLx e logo monsanto, nesta prisão dos subúrbios.
Desci a liberdade de cravo na mão, gambas na riba d’ouro, abaixo de são jorge, ouvindo as vinte e quatro horas entre coimbra e águeda que antecederam a revolução de há trinta e cinco anos; após a greve de fome (salvação da soja), sigo o sujo percurso urbano_ferroviário de domingo para amêijoa, pica-pau, caracóis e caracoletas no germano com casais amigos; mafia wars até às tantas, zeroes e chicks on speed, o redford e o ruffalo tomam uma cadeia de assalto e sobem a bandeira; erva para todos nos seus planos persecutórios. Acordo with a blitz, pela crónica de alexandre pais sobre a aceitação da diferença na (re)constituição de famílias por adopção.
Agora a fuga da madrugado num dia assim, porque o nosso amor é clandestino... e as leis mudam!

19 abril 2009

Meds

Não é que fique assim. Mas ontem esqueci-me - fiz directa!

16 abril 2009

Nessun_Dorma



A verdade e os seus dois lados: vestida e despida!

13 abril 2009

A Doll_Essence

Fui e voltei entre ben-u-rons, azitromicinas (3) e muscosolvan (que ainda não tomei hoje). Vi filmes de jesus, carros e atlântida (em animação), a mila_joana d'arc, outros de acção, o george do seinfeld armado em psicótico num episódio do sem rasto e o final da ripley no alien. Não adientei o trabalho que tinha (por isso aqui estou agora). Manhã pelo sul a dormitar com irmão e cunhada. Trago o fato, a menina do bernardim e o viriato do teófilo. A linha azul do metro leva-me a um gasto inesperado em taxi e a não apanhar o alfa do meio dia a tempo porque tive de levantar mais depois da chegada ao calatrava. Esta música surgiu-me depois da espera e alguma escrita (é já esta semana!) entre as crianças e o nintendo que não parava, e a miúda de trás com algum atraso de desenvolvimento.


(estes imortais! [eu sei que são quase oito minutos, mas confiem, vá lá!] E a menina casanova, tão nova e tão selvagem! O porto é sempre óptimo! E eu que venho do sul - esperando voltar para lá no dia nove do próximo! E assim termino em glória_paixão!)

Chego a casa com paragem pelo pool para hamburguer, recebo a conta da luz do morador da mesma morada mas do prédio ao lado, varro e lavo o chão, fumo e como banana, vejo o convite irrecusável de há um ano, listas de presentes e indeciso-me! Mas arrisco sempre para uma companhia neste desvario de palavras aos leitores e a mim mesmo que por aqui se lêem. Coloco tapetes, malas e sapatos, arrumo milimetricamente revistas, cd's e reciclo jornais. Chupo manga, espirro e vejo-me ao espelho - gosto do que vejo coincidir ao longe tenho de me despachar. Faço a contagem, verifico entradas e decido. Como será um ano depois (por aqui e por ali - com os altos e baixos que se confirmam) ? Mas quero-vos uma vez mais...

09 abril 2009

Su_Burrinha

Dias depois da doença atacar em forte, decido expôr a revolução interna que causou esta eleição antecipada. A febre veio com dores no corpo que me fecharam na fortaleza do lar em tristeza no ecrã e lerdeza mental. A adiar encontros pelo esforço do reconhecimento exterior. A procurar auxílio na boca do leão, percorrendo alas abertas de lilás nas ramas e a regressar suado e sereno para estender a máquina que, pela conversa do vizinho, humano, acolhedor, lhe inundou a loja. Até à esplanada, para oferta de cesto de fruta pela loli e conversa sobre roupa e retiro campestre com a ex-boneca ao fundo deprimida. Correr para cópias e contagem final, choque esperado para mais tarde aceitar, curvas até à vaca de fogo matemática e ao conhecimento das glicínias. Regressar, desabar e dar os pêsames para evitar mais desgosto.



O reencontro e digestão matinal do acontecimento no café com o pai da boa malta e o regresso para a auscultação terapêutica com termómetro, antibiótico e almoço ao fundo. Depois vem o embalo materno e apaziguador, mesmo sem abade de priscos. A efectivação apresentativa e parcialmente esclarecida. Na rua, depois de mudados os lençóis e tudo dobrado, descem magotes de gente: plebes, alarves, profanos. Segue-se o diálogo enebriado pelo aprofundamento dos destinos - Como é possível ter medo de uma cidade vazia? - enturmar uma macieira no subura e subir o largo dos arcebispos à lua cheia, por entre mais meia dúzia de altares enfeitados de quaresma; descê-los por sacos de dejectos à porta, confirmar o fecho da viatura e terminar a mala. Amanhã de novo, como após cada ressureição, à volta da mesa com a família...

07 abril 2009

Shade_(Fake)Shape II

...Dentro deste contexto, defendi que o papel unificador da consciência é o de dar coerência à nossa experiência. Ora bem, tal congruência é bastante arbitrária. Consegue-se formulandohipóteses e contando histórias que encaixem umas nas outras, que sejam congruentes entre si,sem que tenha muito sentido perguntarmo-nos se cada uma dessas narrações em particular é “verdadeira” ou o reflexo fiel das experiências, pois é o conjunto de todas elas que resulta como algo útl ou aceitável. A consciência elabora interpretações,isto é, unidades superiores que dão sentido aos átomos da experiência. Para isso conta histórias, mas depois de terem ocorrido os factos e das experiências terem tido lugar, ou depois de termos tomado as decisões. [...] A consciência está todo o tempo encaixando coisas dentro das narrações verbais e não verbais. [...] Em resumo, a consciência equipara-se à montagem final de um filme, graças à qual adquirem coerência as sequências que foram anteriormente filmadas.
Desempenhando este papel, o eu apresenta-se como um grande fabulador. Se a memória entrelaça materiais de diversas origens, mudando as suas narrações uma e outra vez, o mesmo faz a consciência em cada breve momento, entrelaçando percepções actuais com outros estados mentais. Por isso, o presente e opassado que aparecem à nossa consciência são diferentes versões ou “esboços múltiplos” de interpretações das nossas sensações e emoções. Não há uma versão que seja autêntica, a original, deque as demais sejam falsificações.
Mas, se não há um núcleo de identidade psíquica, se esta é modular e, para além disso, mutável e pouco fiável, haverá pelo menos uma hierarquia dentro destes módulos, um processador central que controle as execuções de todos os subordinados e que seja o nosso referente quando falamos de nós mesmos?



Alberto Carreras, Ciências Cognitivas e/in Identidade Pessoal – Caminhos e Perspectivas pela Quarteto (2004)
Entrelaçando luto, insónia e um gripe pneumónica...

06 abril 2009

Da_Hospitalidade

Andamos nus, apenas revestidos
Da música inocente dos sentidos.
Como nuvens ou pássaros passamos
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos.

No entanto, em nós, o canto é quase mudo.
Nada pedimos. Recusamos tudo.
Nunca para vingar as próprias dores
Tiramos sangue ao mundo ou vida às flores.

E a noite chega! Ao longe, morre o dia...
A Pátria é o Céu. E o Céu, a Poesia...
E há mãos que vêm poisar em nossos ombros
E somos o silêncio dos escombros.

Ó meus irmãos! em todos os países,
Rezai pelos amigos infelizes!

Pedro Homem de Mello, in "Os Amigos Infelizes"
Ao Catatos e a todos o que o lembram (como seu último desejo, nesta laranja mecânica, vou estar 24h Party People - um ano após a festança!)

05 abril 2009

Manhã_Submersa

Da gafanha alicerçada, revolta nos desencontros
Correndo pelos carris com o irmão em segunda;
Aterrar no oriente – direita, esquerda, volver
Ao abraço terno da carmo (junkfood, cartucho, compras)
Esperar o morzinho entre cigarros e café e conversa
Guiados por corredores rosa da IC19
Os muros nocturnos, mistérios nas estradas da serra;
Fotos e cartas e lixo no chão, estrelícias e jarros
E frutos das costelas de adão
O barco do pai perdido, feito em prisão política
Líquido pestilento descongela o dia na mesa.
Velharias no centro da vila pelo vidro entreaberto
As rainhas na rádio, ultra popular boémia
Raposódia de armas, por ranholas ao sol.

Escura era a Noite

Chegar fresco ao chiado arejado e almoçar
Com a leve clave gravada na pele, e estrelas;
Na trindade coberta, a vista de são pedro, pelo bairro
De tarde e toda a marginal com a ruptura familiar
Até alcabideche – lá os os, espectáculo de oráculos
Trazem-nos para a vivenda albergue de jogo
E comezaina pelos quartos de Eros e Psiquê;
As laranjas e janelas matinais mostram
A onda verde que sempre emerge à nossa frente
Dali à graça e as opções do bisnau,
O sorriso da monkas e o interior sereno e claro
Do templo renovado; comer na cabreira
E fumar na berta descendo as calçadas firme e gripado
Até à partida (Começam e acabam de ler o Siddhartha ao meu lado)

Ai Jesus!

02 abril 2009

G_Mail

Ontem postei do trabalho! Eh, eh!

01 abril 2009

East_Hiria

Início da estação: de vinte para vinte e um, na capital para mudança de ano de vida do meu mistério perfeito e da bela da boa da catita; no salto directo do inter de do metro, do reencontro dos amigos da champanhe com frutos vermelhos, do bolo de aromas coberto, do taxi, do dj à porta da escadaria em útero aberto, do ritmo dançante, da esplanada da madrugada no tejo e conversas de convulsão fraterna. O sofá trocado por três, na análise da duração amorosa com rebecca, rugby explicado, jantar de frangos na graça da leveza provocada pelo desabafo destas angústias de pesar; regresso à base a fechar, a caixa de sons no pleno suor da pista, os ex emergem no rodopio da porta e de novo no divã até à partida para a académica em almoço estival com irmão e cunhada.
Segundo round na estação de aveiro em soprada baixa de temperatura: rapto pelo casal das gémeas para a barra, à espera no farol; acolhidos no acampamento francês que levanta arqueologias por aqui e sua cadela kali, alvorecer na costa nova de grades em riste, correr na crista do vento por sapatarias no centro dos canais, jantar-buffet com a tia, o sobrinho e a suécia a acompanhar o empate; caixa de anti-depressivos vazia sem espanto pela farmácia de serviço que nos envia para ílhavo; adeus frustrante, engate na carruagem e sexo rápido à chegada do cortejo.
Final da linha: das camisolas e ténis novos, das relações que permanecem, estabilizam ou acabam (há intervalos, pausas para férias). No dia das mentiras tudo serve para convencer e acreditar no sucesso das relações – café matinal com o morzinho na baixa das caldas e um bolinhol de esperança.


(ontem enviaram-me um texto encriptado – parece-me que assim está bem!)