02 abril 2010

Ecce_Homo

A partir de um folheto entregue nos cortejos, descubro a essência humana: no dia anterior atravessei a cidade para buscar os primeiros óculos de sol graduados que tenho; salto para as montras com plantas decorativas de plástico e entro noutra loja, percorrendo novos objectos (o letal consumismo avança...) – uma jarra verde, dois castiçais altos, feitos à mão e velas, tudo com desconto – e ainda dois ovos de páscoa com felizes efeitos para as pessoas aurícula_ventrículares sempre ao meu lado que, após reuniões discutíveis em Barcelos e Braga digitais, impulsionam a minha veia existencialista; pão-de-ló e chá verde com jasmim para corte de cabelo, boleia pós-atendimento fortuito para buscar carro aspirado e limpo, amêndoas da auxiliar para pagar promessa informática, sessão breve, proveitosa e pródiga das revoluções de abril; imposto de selo automóvel pago enquanto as epístolas antigas apresentam a semana santa, circundando o mcdonalds da avenida central, perseguidas pelo jumento albardado de santa em fuga e das altas autoridades desta sociedade presa entre tradições renovadas – falamos do início dos percursos profissionais e adormeço no sofá; desperto para ir ao mercado enfeitar a casa com frésias, líros e túlipas em tons purpúreos da quadra, por quanto avisto o sol e os montes ao fundo, entre as nuvens; volto ao posto para arrumar tarefas e consolar o ancião que me explica o seu futuro com as origens ancestrais dos costumes, descubro o livro epitáfico e almoçamos tarte de bacalhau entre cadela e gata que devolvem a auréola ao dia: aos raios que se impõem, saímos para café e prenda esquecida no museu e água tónica com panachet à foz do cávado no lounge de esposende (cujo brasão me traz aqui pela padroeira nos céus), aproveitando para exercitar todos os músculos após a piscina, a ver as marismas... regresso imediato e descarga na descida da boavista, entrada no viana para a recepção do(s) homem(s) no seu delírio futebolístico, poesia di_vino na coluna, o tribunal do trabalho em frente, ida a casa para guarda-chuvas e o auge do fervor religioso (para alguns): as gentes que não respeitam e não param os comentários estúpidos perante os figurantes e os estandartes, na tentativa de escárnio perante tudo_nós_eu, nesta cerca de muros, de cabeças, de pedras (até o vizinho subiu cá acima para reclamar o arrastar das correntes!). Barrocos são os tempos...


Um filme de Jerry Tartaglia de 1989 - whether the taboo is against gay sex or against seeing gay sex…

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