17 maio 2010

Diás_Polis

Planos refeitos para ajudar gémea a provar autoria de estudo surripiado para congresso em Coimbra. E almoço e dia juntos, logo se vê... Não há fuga possível, mesmo porque a oferta do dia da mãe continuou aberta e, depois de uns chás na avenida de frança, seguimos pelas veredas selvagens do vouga até ao rio sul – pausa para café no palácio do inatel em são pedro antecedido pelo cruzar das águas ao sol-pôr - entrada (e saída) por rotundas majestosas do autarca-rei. Aterragem perdida por trás do serrado, descemos as suas recentes escadinhas, carregamento com louco ao lado e creme tokalon, telefone com a amiga perdida e check-in no antigo hospital transformado em pousada, amarelo por dentro, branco por fora, forrado de design, ascendemos ao quarto piso para visitação dos aposentos: moderna clarabóia protege arcadas, azulejos, escadarias e procuramos o cortiço. Nada feito até às dez, descobrimos o trapalhão do claustro e pedimos um enquanto nos esgueiramos pela misericórdia para escutar um solfejão adiado mas ficamo-nos pelo discurso da museologia e harmonia social, porque está a arrefecer. Comemos rápido e entramos pela matriz secular de nós nos tectos e perfeita porta românica no pátio conquistado ao paleo_cristão; saltamos para o grão vasco pela cadeira do poder sem tempo, capas em continuum ondulante e dois pisos de arte sacra com um pé flamengo e outro quase expressionista (demasiados pentecostes). Ensaio em zum-zum de corrida para o pelourinho onde regressarei três vezes nessa noite: depois da descida ao retábulo onde o rapaz do piercing no colo nos serviu e conhecemos, fomos buscar o cão ramiro à sua torre e de novo no adro onde se diz subterrada uma passagen secreta entre freiras e monges, visitamos o bar do grupo do teatro duplo onde buscamos o dono, levamo-lo a casa em plena circular e esperamos no boquinhas com a sua taberna e sangria tradicionais; pela recusa, voltamos e sentados aí outra vez é o scott que nos chama para as amigas dos oitenta e grupo erasmus: descemos a cantar o malhão em italiano até ao mercado 2 de maio e dançamos no sótão feliz.
Acaba tarde, peco a carreira das dez e pelo forum chego ao pavia renovado pelas finanças europeias, trilhos do funicular, espelhos de água, cânticos na conceição – percorro a cava por cima da gruta, releio o público com outro café – love calls para fotografar a igreja abandonada e descobrir três bicas, a pedra a soar e o senhor da nossa aliança. Já longe deste refúgio, contornando o caramulo e a sobrevoar as lagoas altas, revejo o luso e o leito onde estávamos há um ano...

...como em uma onda que vinha crescendo, correram a engrossar esta corrente novas tribos movidas por um sentimento acordado pelo espírito que fortificava o braço de Viriato; - o ideal de uma Pátria, síntese da unidade da raça até ali desmembrada e de uma tradição esquecida ou quase perdida. Pela primeira vez a Lusitânia teve a consciência da sua unificação étnica ao aceitar o pacto federativo contra o Romano, proposto por Viriato como uma força defensiva. A coragem do chefe lusitano era tão grande como a confiança no futuro da Lusitânia livre. Em todas as guerras da Espanha nunca os Romanos encontraram um levantamento de povos assim vasto e unânime; era uma situação desesperada, que só por meios fora dos processos conhecidos poderia ser dominada.


in Viriato (1904) - Teófilo Braga (também em e-book)
Em homenagem ao momento de hoje e a estes dois homens viris que foram capazes de abraçar a causa - o primeiro a resistir ao império latino e o primeiro chefe do estado republicano - por contraponto a este incapaz que foi obrigado a promulgar. Como um grande hino, esta é a nossa bandeira:

1 comentário:

João Roque disse...

Sempre gostei muito de Viseu; e já agora, uma inconfidência: nos "meus tempos", nunca dormi só, em Viseu...aparecia sempre alguém no abençoado parque...