25 janeiro 2009

Ins(Des)_Cription

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*As duas palmeiras, uma bicéfala, no alto ermo das setas uivantes, sós, à lua. Atravesso o vento irado, as ruas de granito, directo à senhora, passando por trás para cigarros e café. Cá fora amacio o fumo escutando o estalar do taipal exterior e o reggae interior. Jola, jola e a associação enche. Saio e visto a camisola de gola tuaregue pela avenida central, até entrar no código onde vodca, converso com uma italiana que ajuda a amiga indisposta, e os dois tipos que as acompanham, sobre sandes de caracóis.Peço a vogue com artigo de moda grunge à proprietária, rumo à colina. Caipirinha sozinho na esplanada, escutando o chuveiro aberto do firmamento, com as luzes percorrendo os montes em volta. A c. vê-me, interrompo para um jacto e sento-me com ela I o seu novo amigo. Descemos para a rampinha (vou buscar as chaves do pópo), amêijoas e cachorro especial. Depois o insólito acontece até de madrugada com o primo, o som na pista do pátio de pedra. Entrega ao amanhecer.
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Dormitar pela tarde, incenso de cedro na cozinha e de sândalo na sala. Posta de bacalhau no supermercado de baixo para cozer com grão e ovo. Levar bicas, tomar café e pastel de carne no bar, agora com karaoke. Janto, fico bem e por casa, nas memórias.
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Acordo com alarmes, saio a meio do dia ao pólo para público, folheio o sócrates no café ao lado e vou ao e'leclerc: saladeira_fruteira toupeira, vaso verde e vela laranja;tangerinas, sumos, maçãs e pêras, papaia e tomate, bróculos, fiambre e queijos. Vejo a sairaivada nos quintais já à janela, almoço e saio. Santo antónio das travessas, caffe noir, fotografia do século vinte e stilonova iorque pela taschen, dobro a dom gualdim pais, passo os arcos apagados das lojas até à esquina do turismo. Compro o livro algo desconfiado > e uma regueifa na ferreira capa. Com água, leio no DM que a prof. em ciências da comunicação, Felisbela Lopes, nota a falta de competências na oralidade dos estudantes universitários; josé cunha rodrigues, prof. de literatura portuguesa, fala das vantagens do ebook, ferreira leite por estas ruas, cenfim na junta de são vicente, colégio comemora aniversário dos irmãos la salle em portugal, maus árbitros em dume, reis para novos e velhos, josé luís costa no seu auditório de bolso - o primeiro dia de joão negreiros, na 2 "O que nos torna Humanos", documentário da evolução da nossa espécie por Armand Leroi.
A água escorre por todo o lado, mostrando os declives e rugas do solo. O frio cortante rasga o céu escuro nos últimos laivos de luz. Oiço o quarry, a cláudia liga, a mãe e a garcia não atendem, o morzinho sim. Escrevo esta dedicatória aqui (a_voz) >

"Vão por mim - isto de escrever é tarefa de ourives! Quer isto
significar que são necessárias umas não muito poucas condições para tornar
possível o acto da escrita. Tem alturas que me quase dou em doudo. Em suma, a
escrita é trabalho cheiamente penoso. E só quem sabe pode pronunciar-se, pelo
que não me venham com histórias de "eu imagino", "eu compreendo", "dá para
perceber", que isso é conversa por demais amolada. Entendo e riposto - só quem
trabalha a pedra pode saber o que é trabalhar a pedra. com a escrita o mesmo se
passa. Mais pedra, menos pedra, a coisa vai dar ao mesmo."


Bruno Amarante Crónica de uma cividade
Pag.9 da colectânea "Obrigados a entrar em braga algo desconfiados" Dezembro de 2008.

2 comentários:

João Roque disse...

Enfim, não vou repetir-me, pois não????
Vives a jacto e escreves poemas em prosa...
Abraço.

anjo disse...

Gosto muito de ficar por aqui________________

___________em silêncio.

Um abraço nu___________lembras?