14 agosto 2008

A Recepção



Uma pequena lebre atravessa-se na entrada para a segunda circular às cinco da manhã de segunda-feira. A definitiva viagem neste Novo dia! Quando o sol desponta por entre nuvens já passei as lezírias e o morro de aires e candeeiros ergue-se depois do corte para as beiras. Começa a chover enquanto o subo: toda a humidade que esperava nesta direcção em pleno mês de Agosto; sempre a acelerar, atinjo o douro por entre raios de luz e quase me mato para virar para a A3. Chego à escola às nove e meia e de imediato o meu director leva as funcionárias a buscar-me poiso: vou com uma delas a um café próximo para pedir contactos – tudo de férias! Volto para ser apresentado ao serviço, aos objectivos, às funções, ao colega. As pesquisas de pensões na noite anterior parecem-me a melhor hipótese até ter a ideia de ligar ao amigo’morzinho para me receber nessa noite na sua casa de trabalho. Confirmado, uma vez que não nos vimos no sudoeste. E ao almoço (sempre com o director) surgem as confidências. Depois das horas da tarde, ele guia-me pelas estradas inundadas e vales até à escola secundária de vizela. Lá o libelinha vai buscar-me com um outro amigo e quando chego a casa sou finalmente apresentado ao namorado do morzinho (pelo qual fui trocado há quase dois anos, após contágio e cura de furúnculos exportados da argentina) que preparou um empadão de peixe e uma mini-festa. Impecável! Perfeito! Um banho antes do jantar e copos e charros e jogos de cartas e caio para o lado no sofá. Apenas ficou o libelinha lá a dormir comigo! Vou lá pernoitar até encontrar outro local (prova de amizade!). A terça inicia-se no caminho inverso, feito de memória, com auxílio de abastecedor de gasolina à entrada de guimarães. O esplendor fresco das encostas por onde segue a N101 acorda-me com bom humor e cheio de Vida! Manhã a inserir dados e um novo restaurante (a fantástica e barata Diária) com o colega e a surpresa de um presidente da junta conhecido com as suas histórias na partilha da refeição; mais um café perto da universidade, pleno de conversas políticas e planos para o centro. Regresso a uma tarde idêntica até às oito e meia para jantar com o director. As confissões sucedem-se e um café em gualtar, cervejas no bar que conhece e que é amigo até fechar, conheço o barman que me vai alugar um quarto para a semana, ainda fechamos uma boîte com fonte dentro, perto do prado, diálogo esclarecedor sobre as razões esotéricas da minha contratação e durmo na casa dele. Acordar antes do almoço, um pouco ressacados, mais uns dados, comida self-service juntos, tarde difícil de passar, marco com o quase-senhorio no fim do dia, espero no braga parque e subimos até ao décimo andar donde fumamos um cigarro enquanto trocamos impressões e biografias (também já foi d.j. e é sócio do bar) e avistamos a cidade e o pôr-do-sol. Regresso à casa emprestada para dormir, arrumar tudo e sair hoje, de novo com a vida às costas; à hora do almoço vou ver uma casa perto da cruz de pedra com o amigo que me trouxe aqui para proteger e cuidar de uma inesquecível história de amor pedagógico. Regresso a toda a presa para ir tomar um copo no bar recém-inaugurado - aqui da coluna do lado.

7 comentários:

João Roque disse...

Enfim, mudança de vida, mas não mudança de ritmo; ainda à procura dos teus espaços e dos teus mundos, vais marcando a tua presença; aqui ou aí, és sempre tu, e que bom isso é...
Abração.

Special K disse...

Adorei a abertura do post com o pormenor da lebre na segunda circular. É bom saber que ainda vão existindo certos animais no rebuliço da cidade.
Quanto ao bar já estou com curiosidade, este é o segundo blogue de hoje a falar dele.
Um abraço.

SP disse...

Só apetece ler e não dizer nada. O texto avança como o sangue a circular dentro do corpo.
Escreves muito bem!!!
Um grande abraço.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Socrates daSilva disse...

O Minho é lindo!
Obrigado pela partilha desta aventura. Tudo de bom para ti!

Abraço

João disse...

Pinguim, é bom mantermos uma essência (não só do suor, LOL). E tu, sempre aqui... Obrigado! Mesmo!

Os bichinhos que tentamos clivar do "nosso" espaço, mas que nos querem sempre porque precisamos de todos (e de auto-estradas, infelizmente...) Abraço K.
P.S.- O bar é porreiro, pá. Diferente porque muita luz para nos vermos bem!

Mas ainda bem que dizes. É bom ler a tua boa poesia por aqui, SP!

Espero não partir o bico ao lápis (dos copos sempre distante, ao volante). Pessoais mas com_partidas, sempre! Apreciar a indecisão, incerteza e a última hora, Arion. Abraço

Verde, verde, verde, Sócrates!
Respira-se um bom jesus, cafés viana e brasileira, gente mesmo acolhedora!
Obrigado eu!

paulo disse...

trocado? como podes ser trocado? bem, mudas de vida, Ophiuchus, e vais de encontro ao amigo'morzinho. que esteja tudo a correr bem e com menos casa às costas, valeu!

abraços!