21 setembro 2008

(A)Round_Ranch

(em papel, à espera da pescada frita com arroz de feijão e copo de verde tinto – bota fogo 2)
Ontem foi dia santo. Tanto que me doía a cabeça. Troquei as horas de sono por filmes e medicamentos, “templates” e páginas virtuais do norte (e do sul, todas se misturam); muita música... Hamburguer ranhoso a meio da tarde, saio para cigarro, começa a chover e volto a casa para o mesmo. Além disso, insito em usar os óculos retro com uma graduação um pouco diferente da habitual. Percebo que a tânia carvalho esteve por cá nos dois dias atrás. Decidi abastecer a despensa e ver_ouvir esta cultura.

(uma revista atravessada, uma viola d’arco, equipa de fogo na tocha - isto promete; e por dois anos, então!...)
O muro circular de granito onde encosto a cabeça é iluminado por um tubo que separa a cascata verde_hera até este limite. A esplanada em meia-lua é sonorizada por lou reed; um varandim gradeado no patamar subido corta a minha visão à direita por um número de portas envidraçadas abertas onde funciona o bar interior; caixilharias e cadeiras de metal, tudo vermelho. Ao centro um tanque vazio de pedra, tal como o chão; atrás de mim uma escada sobe e à frente outra desce. O jovem actor recebe os seus poucos convidados caracterizando a sua personagem declamatória pouco interiorizada, enquanto aguardamos as dez e meia. No piso inferior, uma sala de janelas abertas para a rua, recebe as obras de vários artistas sobre o lema da pequena do lewis caroll. Quando volto ao local, depois de comprar tabaco e de pedir uma macieira ao balcão, o espaço exterior faz eco das conversas alheias: galegos e castelhanos, ou em volumoso sotaque, bracarenses acasalados (quatro pares, um deles a beijar-se demoradamente sentados no umbral do quadrado seco). Rebenta nas colunas o clocks dos coldplay na versão salsa e merengue. O mesmo_jovem actor (no final fiquei à conversa com a sua mãe) entra e sai impaciente, nervoso. Começa o acto numa pequena sala e, depois de dois minutos, ele pára porque tem de sair, porque saltou o texto, pede mil desculpas, volta, recomeça e... termina constrangido. Ofereço-me para lhe oferecer uma cerveja.


Hoje saio para divagar. Compro o público no quiosque frente ao prédio. Sigo (não, não é a porcaria do sistema informático).
As indicações divergentes levam-me a amares, ao largo renovado onde tomo a bica entre abertas, defronte à igrejinha e seus repuxos alternados, com o imponente gerês que me aguarda. Sigo pelo valdozendo até ao porto do rio caldo. Pelo caminho entrecortado na montanha, mais igrejinhas pelas curvas e velhinhas de cores garridas a vender cebolas, milhos e frutas da época. Lá oriento-me atravessando o cávado e subindo até às melhores vistas desta garganta rasgada pela natureza. Desço a vieira do minho e nova praça aberta com coreto e município e jactos de água alternados, saltitantes ou em aspersão. Observo as diferenças botânicas – carvalhos, muitos carvalhos; e umas flores rosa em haste, que irrompem no duro dos socalcos –e zoológicas – os bois e sua cornadura que se estende em picos, arvelinhas que passeiam no jardim. Jovens casais também o fazem, de bebés e cães em pulso. Almoço aqui, na esplanada. Regresso pela póvoa do lanhoso, subo ao pequeno castelo no alto granítico e a escadaria para a torre (onde não entro), noto-a repleta das formigas aladas ou agüidas (com trema para se ler o “u”), como se diz na minha terra. As famílias começam a chegar, as portas da igreja da senhora do pilar já estão abertas e entro. Paro à porta para observar à distância o tecto de pedra, a talha do altar em canário de azulejos, a venda de peças de cera ao meu lado. Apenas uma senhora sentada no silêncio.
Directo ao centro, estaciono em frente às frigideiras da sé e caminho até ao local da noite anterior onde peço um sumo de laranja fresco e subo ao terraço; descalço-me e inspiro-me no bruner e na feist até o calor atestar a atmosfera de insectos impossíveis. Quando saio, oiço o final do jardim das estátuas que estão a actuar para o comício do BE sobre a precaridade. Sento-me perto do palco e aplaudo no meio de filas de cadeiras de plástico vazias. Volto a ouvir o jorge palma, tal como de manhã na esplanada. Algumas pessoas comentam a chegada do louçã.

(volto com uma regueifa e despacho-me a pôr isto aqui porque vem aí uma boa trovoada! Uma boa semana!)

5 comentários:

Tongzhi disse...

Belo passeio, e variado!
E assim chega o FIM do fim-de-semana!

Boa semana tb para ti

Kapitão Kaus disse...

Pelos vistos, foi um fds bem preenchido! E cultural!

Boa semana para ti!
:)

João disse...

Pois, o fim do fim no princípio do princípio (agora a preparar uns materiais para amanhã). Noites e sonhos felizes, imperador oiriçado!

Oh captain, my captain...! E encerram indefinidamente os coimbras e a brasileira: como vamos sobreviver? Boas investidas profissionais!

Kapitão Kaus disse...

Pois é, fecharam a Brasileira e os Coimbras... Mas há outros locais: a 100ª Página, por exemplo, que já deves conhecer.

Bom trabalho! (Boa pesquisa, certo?)

:)

João Roque disse...

Gostei do teu Gerês; quase respirei ar puro, por osmose...
Abração.