08 julho 2008

As Coisas I

Inicio um percurso de objectos que povoam o meu quarto
E me acompanham a cada mudança
Pela representação de pessoas, situações e lugares.




Catrina de Papel Maché:
Há mais de cinco anos, no mercado da merced na cidade do México, comprei este branco esqueleto articulado com um sorriso de flor a flor pintadas no lugar das orelhas.
Órbitas azuis e purpurinas prateadas brilham no escuro.
Trouxe ainda uma boa dúzia de maracas para distribuir pelos meus meninos e sempre esteve em lugar de destaque (o meu Óscar!).
Para que me lembre da finitude do corpo, da felicidade da carne, do regozijo da alma.
Pelo bom sentimento de eternidade (ao contrário da profunda tristeza cristã) das culturas pré-colombinas, perpetuado na Morte.



''(E o que mais dói) é viver num corpo que é um sepulcro que nos aprisiona (segundo Platão) do mesmo modo como a concha aprisiona a ostra.''

Frida Kahlo

10 comentários:

Anónimo disse...

És um privilegiado! Era mais ou menos sob essa perspectiva que eu gostava de visitar a cidade do México (sim, sempre sob a égide da Kahlo).

Socrates daSilva disse...

Isso de os objectos, mais do que a utilidade estética, terem um significado, uma alma para quem o possui é verdadeiramente lindo.
(A frase da Kalho é tãoooo verdade...)
Abraço

João disse...

Foi nas festividades do dia dos mortos que estive lá e foi uma das viragens na minha vida! Eu explico mais à frente... E as homenagens à senhora ainda não ficam por aqui!

Arion, Sócrates - Abraços Quentes!

Tongzhi disse...

Em tempos também partilhei no meu blog alguns "objectos com vida" que têm sido minha companhia ao longo do tempo. Acho que um dia tenho de voltar a este tópico.
Para além do Óscar ser muito engraçado, destaco a citação de Frida Kahlo, uma pessoa que também me acompanha e que revisito a todo o tempo!!!

João Roque disse...

Todos temos um "óscar" na nossa vida...o curioso é que o teu, fácilmente identificado com a festividade dos mortos, ganha vida nas tuas "mãos"; a morte pode realmente ser uma festividade, basta saber olhá-la de um modo, digamos...diferente!
A frase de Frida Kalho...é uma frase dela, e está tudo dito (gostei do tãooooooo do Sócrates).
Abraço.

Hydrargirum disse...

Com gosto descobri esta tua Constelação! Obrigado pela visita!

Eu tb sou mto ligado aos objectos que trago cmg...!Trago-os cmg de mãos dadas com as recordações...

Mencionaste as culturas pré-colombianas....adoro!...Quem sabe um dia México cmg...:)

:)

Catatau disse...

Entendo-te perfeitamente no gosto pelos ícones da nossa vida que estão à mão de semear em casa.
A Catrina é uma privilegiada e sei porque é que tem esse sorriso que quase pinta as orelhas com baton. Deve estar a pensar: quem me comeu a carne, que me roa os ossos! :)

Há viagens, peripécias e episódios que nos fazem diferentes. Assino de cruz quando falas em "viragens".

Agora ia comentar a Frida, mas ia pô-la ferida. ;)

João disse...

Volta, tongzhi, vamos trocar uns cromos! Sabes Pinguim, oóscar foi a razão da minha visita à terra dos mexicas e afrida tem a mesma efeméride que Moi.
Estou a ver que vamos partilhar astros e memórias espaciais, Hidra!

Catatau, a ti, beijos no céu da boca;)

Abraços a rodos, a todos!

Special K disse...

E a senhora Kahlo merece todas as homenagens. Eu não me esqueci do aniversário dela.
Um abraço

paulo disse...

humm, o México. deve ter o seu interesse e essa de pegar nos objectos é uma excelente ideia! ainda o hei-de fazer, quando estiver com falta de inspiração! e o esqueleto é um clássico do efémero, mas acho que nunca teria um para me lembrar disso, basta-me olhar para o meu corpo e constatar como envelhece! enfim, retenho a ideia :))